O Innovation Forum ON, organizado pela ScanSource Brasil no dia 11 de novembro, teve nas trilhas paralelas alguns de seus pontos altos.  Os painéis de ética, arquétipo feminino e marketing sustentável marcaram a tarde do evento, cujo tema geral foi “Transformar Pessoas para Transformar Negócios”.

Qual é  a importância real da ética no trabalho?  Uma pesquisa da ICTS, empresa de consultoria e serviços, e divulgada pela revista Exame indicou que 48% dos profissionais brasileiros podem seguir por atalhos antiéticos se isso for necessário para atingir metas e alcançar objetivos profissionais. E outro levantamento, este do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental, mostrou que mais da metade dos profissionais brasileiros pratica ou tolera assédio moral ou sexual em seu ambiente de trabalho. Dados que comprovam a importância — e até a urgência — de empresas debaterem esse assunto. 

É por isso que a ética profissional foi tema de uma das trilhas paralelas do Innovation Forum ON. O evento, organizado pela ScanSource Brasil, teve como tema geral “Transformar Pessoas para Transformar Negócios”. E o painel de ética, um dos três que marcaram a tarde de programação, propôs uma indagação:  “Por que é importante parar de fingir que você não viu”. 

“Os líderes são o modelo a ser seguido e precisam estar sempre atentos à mensagem que transmitem”, foi uma das frases ditas durante o painel “Por que é importante parar de fingir que você não viu”, que contou com a participação de Vanderlei Ferreira (Zebra), Flávia Ibri (IQVIA) e Elizete Silva (ScanSourcer)

Participaram do debate Vanderlei Ferreira, VP e General Manager da Zebra, Flávia Ibri, head de RH da América Latina da IQVIA, multinacional de ciência de dados de saúde, e Elizete Silva, diretora de soluções da ScanSource.

Foi Elizete quem abriu o debate, mediado por Wagner Hilário,  jornalista  da agência essense. Ela falou sobre os desafios éticos no trabalho, que, muitas vezes, estão associados a questões culturais, como a velha e ultrapassada, mas ainda enraizada, visão de que é preciso sempre levar vantagem. “Ainda tem a pressão, em muitos casos, para o alcance de resultados, que leva alguns indivíduos a agirem sem considerar questões éticas”, pontuou Elizete Silva. 

Vanderlei Ferreira falou sobre o comportamento que os líderes devem ter para incentivar a ética no trabalho. “O primeiro aspecto é liderar por exemplo. Os líderes são o modelo a ser seguido e precisam estar sempre atentos à mensagem que transmitem [não só em palavras, mas, sobretudo, em atitudes]”.  Vanderlei também frisou a importância de manter uma comunicação eficiente e constante, com muito debate, porque alguns profissionais podem não compreender que determinado comportamento é um desvio ético.

Flávia Ibri ressaltou a relação entre ética e autoestima, um conceito que costuma ser mais ligado à estética, erroneamente. “A autoestima é um conceito ético. É quase como um filtro interno da forma como a gente age. É nosso sistema imunológico emocional. Quando a gente está enfrentando um dilema ético, ter a autoestima em ordem vai dar forças para nos posicionarmos corretamente”, defendeu ela.

A importância do marketing sustentável

Como conciliar marketing e sustentabilidade? Achar essa resposta foi o desafio proposto por outra trilha paralela do Innovation Forum ON, que teve o tema “Marketing sustentável: a diferença entre ser e parecer”. Participaram do debate Ana Laporta, diretora de marketing da VMware para a América Latina, Rodrigo Serafim, gerente de vendas da Zebra, e Israel Pacheco, novo Diretor de Marketing da ScanSource Brasil. O painel foi mediado por Cylene Souza, diretora-executiva da agência Lightkeeper, do grupo essense.

Ética, arquétipo feminino e marketing sustentável: as trilhas da tarde do Innovation Forum ON
“O marketing, a comunicação, traduzem o seu tempo. É só lembrar como a publicidade dos anos 1950 representava a mulher e não representava as minorias”, disse Ana Laporta, da VMware, uma das participantes do painel “Marketing sustentável: a diferença entre ser e parecer”, ao lado de Rodrigo Serafim (Zebra) e Israel Pacheco (ScanSource).

No começo do debate, Ana Laporta lembrou que o marketing sempre está inserido em um momento histórico e cultural; por isso, só traz demandas que fazem parte do contexto social.  “O marketing, a comunicação, traduzem o seu tempo. É só lembrar como a publicidade dos anos 1950 representava a mulher e não representava as minorias. O foco, naquela época, era a família tradicional. Há 20 anos, não tinha como o marketing trazer aspectos, valores e urgências do mundo atual. Por isso, era um marketing muito voltado para as necessidades da companhia”, apontou ela.

Na mesma linha, Israel Pacheco destacou a importância do ESG, uma sigla cada vez mais comum e que define as práticas sociais, ambientais e de governança (Environmental, social e corporate governance, da sigla em inglês). “O ESG trouxe para a mesa os esforços que as companhias e países estão fazendo em torno da preservação ambiental, das questões sociais e da governança [pontos que, a cada dia, ganham mais importância também aos olhos do grande público]. Não é mais possível separar [nem ignorar] esses temas”, defendeu o Diretor de Marketing da ScanSource Brasil.

Rodrigo Serafim, da Zebra, ressaltou a diferença entre se declarar sustentável e ser de fato. Um problema que já foi diagnosticado em pesquisas: em 2019, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor analisou 500 embalagens de diversos produtos de uso doméstico: 48% usavam expressões falsas ou para confundir o consumidor. “Não adianta eu falar que sou verde, e depois descobrirem que não sou. Essa mensagem circula o universo em segundos e todo mundo vai saber a verdade. A imagem de uma empresa de 100 anos pode ser afetada rapidamente”, alertou ele.

Arquétipo feminino: uma força necessária no mundo Bani

A trilha mais diferentona do Innovation Forum ON envolveu discussões atuais e profundas. O painel “Arquétipo feminino: uma força necessária no mundo Bani” teve a participação de Graziella Bueno, formada em Relações Internacionais e diretora de vendas da ScanSource Brasil, André Mafra, que atua na área de qualidade de vida e é um estudioso das sociedades matriarcais, Cláudia Cotes, fonoaudióloga, mestre em voz e estudiosa de comunicação, e Érica Mesquita, diretora de marketing para América do Sul na Fortinet. A mediação foi da Silvia Paladino, jornalista e cofundadora da agência essense.

Ética, arquétipo feminino e marketing sustentável: as trilhas da tarde do Innovation Forum ON
“Por termos tanta coisa para fazer ao mesmo tempo, nós, mulheres, aprendemos a cooperar e compartilhar. Isso nos fortalece no ambiente corporativo”, disse Érica Mesquita (Fortinet), uma das integrantes do painel “Arquétipo feminino: uma força necessária no mundo Bani”, que também contou com Graziella Bueno (ScanSource), André Mafra (estudioso de sociedades matriarcais) e Cláudia Cotes (mestre e estudiosa da comunicação).

André Mafra já esteve no Panamá, na Índia e na China, sempre estudando sociedades com forte influência do modelo matriarcal. Por isso, coube a ele dar o pontapé no debate. “Um pouco dessa incerteza, desse mundo ambíguo e incompreensível, ocorre porque nós hoje estamos dando voz e sendo permeados por vozes que não eram ouvidas e não estavam sendo presentes no mundo. E para nós, principalmente homens, pode parecer o caos na terra”, disse. 

Cláudia Cotes,  que estuda comunicação feminina de líderes globais, destacou qualidades femininas que podem fazer a diferença em ambientes corporativos. “A mulher tem características muito importantes: se escutar, falar das próprias emoções, entender os sentimentos. Ou pelo menos questionar e escutar o outro. É uma habilidade de decifrar os códigos”, disse. 

A sobrecarga que a pandemia gerou nas mulheres foi um dos temas abordados por Graziella Bueno. Ela lembrou o que já foi apontado por diversas pesquisas, destacando a jornada dupla feminina, ampliada ainda mais pelo momento em que toda a família se trancou em casa. “A pandemia acabou gerando uma sobrecarga maior para as mulheres, por conciliar trabalho, homeschooling, tarefas domésticas…. Mas eu não vejo somente ônus. Grande parte das mulheres com quem converso fala também sobre a oportunidade de estar mais perto da família, de acompanhar mais de perto o crescimento dos filhos”, refletiu.

Érica Mesquita aproveitou esse gancho para falar sobre as habilidades femininas e o impacto delas no ambiente de trabalho. “Mulheres tendem a cooperar mais. A gente tem tanta demanda, tanta coisa a fazer ao mesmo tempo, que foi aprendendo a necessidade de dividir e compartilhar. Isso nos dá essa força no ambiente corporativo. E também versatilidade, porque desde cedo a gente tem que equilibrar a vida pessoal e a profissional”, disse a diretora de marketing da Fortinet.

As palestras do Innovation Forum estão disponíveis no site do evento e são gratuitas. Assista agora, clique aqui e acesse a plataforma.

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