A diferença entre escapar do ‘modo sobrevivência’ e estar verdadeiramente apto para o novo mercado é brutal; conheça algumas discussões que irão permear o maior evento da Comunidade ScanSource

Diante das rupturas que vivemos, as perguntas não são simples: como crescer exponencialmente, de forma mais rápida e barata do que os concorrentes? Como burlar o sistema imunológico de uma organização para deixar a inovação entrar? As tecnologias exponenciais conseguirão, de fato, envolver a todos em um mundo de abundância? E como esses fenômenos devem se desenrolar em tempos de crise de saúde global? Essas questões serão amplamente discutidas no Innovation Forum ON, o grande encontro de inovação da comunidade de TI nacional, promovido pela ScanSource Brasil, que ocorrerá no dia 10 de dezembro.

Para aquecer os pensamentos para o evento, que terá como keynote speaker Salim Smail, uma das maiores referências em inovação no mundo e idealizador da metodologia das Organizações Exponenciais, trouxemos, nesta reportagem, uma prévia das possíveis respostas a essas indagações.

O primeiro ponto a considerar é que absolutamente nenhum setor de negócios passou ou passará imune aos efeitos da aceleração digital potencializada pela pandemia. “As partes do ecossistema de TI foram afetadas de formas distintas pela pandemia. Porém, como todos fazem parte de um mesmo ambiente, tiveram que reagir a novas demandas dos clientes finais”, avalia Paulo Roberto Ferreira, vice-presidente de operações da ScanSource. 

O executivo avalia que os impactos foram mais sentidos na maneira e na velocidade de conduzir os negócios.  As mudanças de hábitos dos consumidores exigiram a transformação do modo de comercializar produtos e serviços e de se relacionar com clientes, e isso provocou mudanças em integradores, distribuidores, meios de pagamento e outros agentes do universo de TI. “A cadeia está saindo do ‘modo sobrevivência’, mas nada mais será como foi antes”, opina Ferreira.

“A cadeia está saindo do ‘modo sobrevivência’, mas nada mais será como foi antes”, diz Ferreira.

Um levantamento da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) revela que as vendas online apresentaram aumento de mais de 180% em categorias como alimentos, bebidas, saúde e beleza. A mesma instituição  mostra que, entre março e o final de abril de 2020, houve a criação de mais de 100 mil novas lojas online. Na avaliação de Paulo Roberto Ferreira, “os empreendedores enxergaram, nos meios digitais, uma maneira de sobreviver à crise e manter as atividades. Ou seja, a mudança é necessária em todos os tipos de empresas — pequenas, médias e grandes — e trará oportunidades, principalmente nas áreas de infraestrutura, business intelligence e segurança”, diz.

Intuição e instinto continuarão presentes nas decisões estratégicas, a despeito do grande volume de dados, análises e inteligência artificial. O futuro continua sendo desconhecido, apesar de tudo que possamos tentar prever e projetar. O elemento humano sempre será o protagonista — desde que saiba fazer bom uso do que a tecnologia lhe propicia

 

Tecnologia como propósito

Fundador da Mirach Ventures e palestrante do Innovation Forum ON, o consultor Francisco Milagres nota que o mercado de canais e integradores sempre apoiou seu modelo de negócio em um serviço de pré-venda muito bem treinado e estruturado. Porém, vê que esse modo de atuar começa a perder sua razão de ser no novo cenário.

“Hoje, o cliente final não está adquirindo um produto. O que ele compra é uma solução, algo que vai representar uma hora de sono a mais ou uma dor de cabeça a menos. Por isso, é necessário entender antes por que eu vendo, a razão pela qual estou me conectando com o cliente”, explica.

Isso exige processos menos rígidos e maior inteligência de mercado, o que pode ser complicado para organizações grandes e que adotam modelos mais arraigados de negócios. “Empresas tradicionais são mais lentas e têm mais processos, que precisam de previsibilidade. E, hoje, é muito difícil prever algo. Além disso, essa estrutura mais formal acaba criando uma situação em que a equipe gasta mais tempo e energia gerenciando regras do que entregando resultados”, prossegue o consultor.

“Hoje, o cliente final não está adquirindo um produto. O que ele compra é uma solução, algo que vai representar uma hora de sono a mais ou uma dor de cabeça a menos”, diz Milagres.

Empresas mais jovens, por sua vez, tendem a ser mais ágeis e ter menos processos, principalmente aquelas que já nasceram digitais. A cultura mais jovem tem menos processos. “Não dá para rasgar os modelos tradicionais, mas hoje buscamos planos mais ágeis e etéreos, em vez de perenes. A empresa precisa ser capaz de modificar sua rota em tempo real”, constata Milagres.

A digitalização favorece bastante essa cultura defendida por Milagres, tanto na gestão dos processos internos como nas formas de se relacionar com o público. E deve ser entendida como imprescindível, sim. Mas não como protagonista. “Intuição e instinto continuarão presentes nas decisões estratégicas, a despeito do grande volume de dados, análises e inteligência artificial. O futuro continua sendo desconhecido, apesar de tudo que possamos tentar prever e projetar. O elemento humano sempre será o protagonista — desde que saiba fazer bom uso do que a tecnologia lhe propicia”, afirma Paulo Roberto Ferreira.