Mais do que não ferir seus valores, a diretora de Alianças da NTT Ltd  busca fomentar práticas transformadoras e construir um legado que possa multiplicar suas melhores realizações

“Terminar a corrida” é uma expressão que é usada de muitas maneiras, além de seu sentido literal. Pode significar cumprir um propósito de vida, perseverar apesar das dificuldades, e não querer parar. Ao examinar esses significados, Mônica Benatti diz sobre si mesma:“eu ainda estou correndo”.

Sim, a diretora de Marketing e Alianças para o Brasil da NTT Ltd. ainda tem muito a fazer para cumprir seu propósito. Embora ela já tenha atingido várias metas muito importantes, ainda tem muitos objetivos a realizar. Mesmo já atuando por quase três décadas em sua área, nunca deixou de perseverar, não importa quão duro fosse o baque que se impusesse sobre sua vida.

“Sempre procurei olhar para as soluções, não para as dificuldades. Essas se apresentam por si só, virão de qualquer jeito e fazem parte da vida. Então preferi sempre privilegiar a maneira de resolver os desafios que a vida traz”, conta a executiva.

No dia em que me separei, fui me aconselhar com meu pai. Disse a ele que era o meu norte, e sempre havia sido, e perguntei quem faria esse mesmo papel para minha filha, e ele me disse: ‘você é o porto seguro dela, e sempre será’.

Um desses desafios foi construir uma carreira em TI na época em que as mulheres tinham pouca presença na área. “Em uma das empresas em que atuei, a Nortel, eu fazia parte de uma equipe de 53 vendedores com apenas duas mulheres, eu e mais uma colega. Frequentemente entrava em ambientes onde eu era a única mulher”, conta.

Mas o desafio maior veio em uma questão familiar. Em 1998, após o nascimento da filha, Mônica deixou a área de vendas em TI, na qual trabalhava, para assumir um papel mais consultivo na IDC. “Queria um trabalho com horários mais definidos, para poder ter mais tempo para ficar com ela”, lembra. “Porém, o inesperado da minha separação aconteceu, e voltei para vendas, para conseguir uma remuneração melhor”. Essa, porém, não foi a maior transformação.

“No dia em que me separei, fui me aconselhar com meu pai. Disse a ele que era o meu norte, e sempre havia sido, e perguntei quem faria esse mesmo papel para minha filha, e ele me disse: ‘você é o porto seguro dela, e sempre será’. Percebi que eu me tornaria esse norte para ela, e que isso orientaria minhas atitudes em todos os aspectos da minha vida. Foi aí que veio aquela força invisível para superar os desafios e ser um exemplo para ela”, explica.

“Ética sempre foi minha palavra forte. E viver isso na prática vai muito além do exercício de pensar no que você pode fazer sem ferir seus valores. Exige ações concretas, dedicação. Infelizmente, o mundo de hoje valoriza o que deveria ser punido, endeusa o que deveria ser criticado, e trata como chacota coisas que deveriam ser sérias. Sei que isso eu não consigo mudar, mas sei também que transformar meu dia a dia, mudar as minhas atitudes, a maneira de criar minha filha, de liderar minha equipe ou empregar meu conhecimento, já é um bom começo”, diz Mônica.

Não mudaremos o mundo, mas podemos mudar a nós mesmos, tendo atitudes locais que, mesmo pequenas, geram um ganho enorme. Tudo que a gente faz hoje passa por essa reflexão.

Crescendo junto com os times

O caminho de Mônica Benatti na TI começou em vendas, foi para a consultoria e voltou para vendas. “Depois da Nortel e de um período como gerente de contas na AT&T, ingressei no caminho que sigo até hoje: o marketing.” Após experiências em dois grandes fabricantes de tecnologia (Cisco e Avaya), ela entrou na Dimension Data, que seria adquirida pela japonesa NT&T em 2010. Desde 2019, as operações da empresa foram 100% unificadas com a empresa nipônica, mas mantendo a cultura de valorização de pessoas, o que foi fundamental para Mônica.

“A NTT respeita as pessoas em suas diversidades, e isso é o que tem me motivado ao longo dos meus 10 anos de trabalho na empresa. A inclusão é um dos temas que eu mais gosto. É uma questão de responsabilidade social, de ter respeito pelas diferenças do outro e pelo que elas têm de melhor”, aponta a executiva. E, a esse aspecto, ela soma, hoje, a sustentabilidade, um pilar da empresa cuja implantação ela vem liderando.

“Na NTT Inc, que é a operadora do Japão, tudo é voltado para a sustentabilidade e para a sociedade 5.0. E isso é o que estamos trazendo para NTT Ltd. Não mudaremos o mundo, mas podemos mudar a nós mesmos, tendo atitudes locais que, mesmo pequenas, geram um ganho enorme. Tudo que a gente faz hoje passa por essa reflexão. Falamos do quanto as pessoas puderam melhorar sua vida, desde apresentar quantos poluentes não foram emitidos até mensurar quanto tempo livre sobrou para as pessoas desfrutarem e terem mais qualidade de vida. Começamos com funcionários e a intenção é levar isso para os fornecedores e parceiros, e até para os clientes”, conta Mônica.

Quando eu comecei, ainda em vendas, eu não tinha nada e fui construindo tudo no decorrer da vida. E esse tipo de história sempre encoraja. É sempre uma fonte de força para alguém.

Além dessa missão, Mônica continua se dedicando ao marketing, especificamente à geração de demanda e projetos de comunicação. “Não lido com marketing de produto, diretamente, mas com estratégias para fazer o link entre a empresa e o mercado. Você tem a linguagem, a comunicação, o que você quer entregar, para quem e como. É fácil falar, mas na hora de entregar, é complexo.Como falar da forma correta com o público que você quer atingir? Hoje existem centenas de canais e é preciso saber muito bem qual usar. Isso é muito desafiador e estimulante”, afirma.

Em todo esse caminho, a ética continua sendo sua palavra forte. E ela vem acompanhada de uma ideia: deixar um legado, que passa pela formação de pessoas. “Tenho a minha equipe, e faço um trabalho de orientação muito próximo a eles, dando apoio, mas também deixando que eles construam seu próprio aprendizado. Também faço parte de um grupo de mentoria para meninas carentes, de 15 a 25 anos. Quando eu comecei, ainda em vendas, eu não tinha nada e fui construindo tudo no decorrer da vida. E esse tipo de história sempre encoraja. É sempre uma fonte de força para alguém”, conclui.


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