Nesta “Carta ao Meu Futuro Eu”, a jovem profissional da Ariane Informática e vencedora do ScanGame reflete sobre como a pandemia a fez rever os rumos e as atitudes da própria vida, e imagina como a tecnologia pode ajudá-la a realizar essa mudança

 

por Ariane Dantas*

 

Oi, Ariane! Tudo bem?

Essa é uma carta para abrir só em dezembro de 2030, tá? Espero que você esteja lendo-a em algum país estrangeiro. É que em 2020 você tinha muitos sonhos de viagem e, já que está em 2030, vai ser incrível se você estiver circulando pelo mundo.

Sinceramente, eu acho que você terá conseguido. Se você continuou tão dedicada e focada quanto em 2020, tenho certeza que você foi capaz de juntar os recursos necessários para se locomover pelo mundo. Até porque, “locomoção” era uma das coisas mais importantes da sua vida, a ponto de você ter orientado sua carreira a partir disso.

Quem diria que, depois de concluir uma graduação em Geografia, você iria escolher outra “geo” para sua vida! Trabalhar com tecnologias de geolocalização foi uma das melhores coisas que você poderia ter feito. Eu sei que você gostava muito de trabalhar com vendas na Ariane Informática, mas aquela era a empresa dos seus pais. Era parte da história deles e você precisava achar o seu caminho.

Acho que quando eu decidi me dedicar ao estudo das tecnologias de localização, estava inconscientemente procurando por isso. Por um jeito de me orientar. Então pude começar a construir meu caminho.

 

Encontro pessoal

“Achar o caminho”. Isso era o que importava, ajudar as pessoas a se localizarem. E acho que continua sendo, não? “Quem sabe onde está aprende um pouco mais sobre si”, você disse isso numa entrevista – a primeira que você deu na vida. E é verdade: qualquer pessoa pode se movimentar muito, desde que saiba aonde ir e para onde voltar. 

Sabe, agora que eu estou te escrevendo, eu começo a entender melhor por que nós – eu aqui no passado e você aí no futuro – escolhemos nos aprofundar em tecnologias de localização. É porque a gente sempre teve muita dificuldade de saber aonde ir. Não só em termos de deslocamento físico, mas de dar um rumo consciente para nossa vida, sabe? Durante toda a vida, tivemos muito apoio, muita proteção, muita cobrança – e isso deixava pouco espaço para entender o nosso rumo.

Faltava um GPS para nossa vida, e acho que quando eu decidi me dedicar ao estudo das tecnologias de localização, estava inconscientemente procurando por isso. Por um jeito de me orientar. Então pude começar a construir meu caminho. Jamais deixei de honrar a história da minha família, mas eu precisava demais criar a minha narrativa. E, se você está lendo isso em algum canto do mundo, ou mesmo em uma parte do Brasil bem distante de Santo André, eu sei que você achou esse caminho que eu tanto buscava.

Foi bem no meio da pandemia do coronavírus, em 2020, que essa busca começou. Lembra? Foi como se, de um dia para outro, todo o nosso modo de viver tivesse virado de cabeça para baixo. Confinamento, medo, dúvida, foram muitos sentimentos que apareceram naquele período. Porém, teve também muita reflexão e descoberta. 

O mais importante disso tudo foi ver que, quando se coloca todo o entendimento e toda a dedicação em algo, os bons resultados podem aparecer.

Cresci em meio a computadores, aprendendo a utilizar todo tipo de tecnologia. Então me dei conta da necessidade de usar essa experiência, esse conhecimento, para fazer bem para mim e para os outros. Comecei a pensar em outros usos dela, ainda como vendedora: eu tinha que resolver o problema do cliente e não empurrar produto e serviço para cima dele; essa resolução sempre exigiu criatividade. Depois, veio o desafio do ScanGame, parte do Innovation Forum ON, no qual eu tive que apresentar uma solução para realizar o censo demográfico nacional de forma eficaz. Aliás, me conta isso também: o Brasil adotou minha ideia, ou ainda está patinando na hora de fazer o censo?

Os principais problemas eram a demora da coleta e a divergência dos dados. Nossa solução passou por usar o potencial de armazenamento em cloud e aplicar ferramentas de IA e aprendizado de máquina para personalizar os dados. Um software de big data se encarregaria de auxiliar na apresentação dos dados, trazendo mais qualidade de informações e mais agilidade nos prazos, além da economia de recursos.

Espero mesmo que você tenha ajudado muitas pessoas a saber onde elas estão – e, quem sabe, para onde elas vão. Quem sabe você não contribuiu um pouco para criar esse GPS da vida?

Coloquei toda minha atenção e empenho nesse desafio. E o melhor resultado não foi a vitória, nem ter ganhando uma moto, embora eu tenha adorado tudo isso — aliás, tenho certeza que você tem memórias incríveis das viagens que fez com essa moto. O mais importante disso tudo foi ver que, quando se coloca todo o entendimento e toda a dedicação em algo, os bons resultados podem aparecer.

A vida não é fácil; essa é uma lição que eu aprendi ainda jovem e que tenho certeza que você ainda carrega consigo. Mas o fato de a vida ser difícil não a torna ruim. Pelo contrário: quando se é resiliente, quando se é capaz de trazer novidades para o próprio presente, quando existe dedicação para fazer os sonhos saírem da cabeça e ganharem o mundo, aí a vida fica bonita, estimulante e prazerosa.

É essa vida que eu espero que você esteja vivendo, depois de anos construindo esse futuro. Espero mesmo que você tenha ajudado muitas pessoas a saber onde elas estão – e, quem sabe, para onde elas vão. Quem sabe você não contribuiu um pouco para criar esse GPS da vida?

Com carinho, 

Ariane

16/12/2020

 

* Ariane Dantas é responsável por vendas da Ariane Informática

entrevista realizada por Leonardo Vinhas